quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Anjos & Demônios no Tarô


Sempre me intrigou as imagens angélicas no simbolismo do tarot. Sabemos sobre os anjos que são eles os mensageiros de Deus (angelus, do latim mensageiro). No tarot os anjos simbolizam a ascensão para um novo estágio de consciência. Eles aparecem nas cartas de A Temperança, e de O Julgamento e também na figura do anjo decaído, Lúcifer. As asas são tradicionalmente o símbolo da liberdade e da elevação. Na iconoclastia cristã os anjos têm asas que os transportam do mundo espiritual e divino para o mundo terreno dos homens, o que por outro lado pode ser considerado como a possibilidade da união do sagrado com o profano dentro da psique. Ou da besta instintiva com a consciência espiritual intrínseca na natureza humana.

Os três anjos mais conhecidos nas três maiores religiões do mundo (cristianismo, islamismo e judaísmo) são Miguel, cujo nome quer dizer aquele que é como Deus, ou como a pergunta, quem é como Deus? Gabriel, homem forte de Deus, ou apenas homem de Deus e Rafael (Raphael), a cura de Deus, ou curado por Deus.




Os Arcanjos Rafael, Gabriel e Miguel

À esq. 'Rafael' de Bartolome Roman. Ao centro, 'Anunciação' de Paolo de Matteis. À dir. 'Miguel' de Guido Reni.

Rafael

Tudo começa com o arcano XIII A Morte, e o interessante é que o próprio arcanjo Gabriel também era conhecido como o anjo da morte! Esse arcano representa um grande ponto de mutação, onde uma profunda transformação ocorreu e uma nova visão da vida nasce, como numa separação, a perda de um emprego ou a cura de uma doença muito grave onde a própria existência do indivíduo foi ameaçada! E não faltam exemplos de pessoas que diante do imponderável mudaram hábitos e direcionamentos de vida. Essa nova percepção da vida está representada no arcano de A Temperança como uma cura física ou interna que muda o aspecto interior e exterior, ou a realidade de uma situação. Esta ampliação da visão interior





O Arcanjo Rafael ajuda
o jovem Tobias a dominar
o peixe que tentara devorá-lo

é representada no tarot de Marselha como a flor de cinco pétalas que desabrocha no ponto entre as sobrancelhas da figura angélica (o sexto chakra, ou terceira visão). Os místicos verão nisso uma inspiração divina, os racionalistas apoiados na psicologia talvez vejam uma ampliação da consciência provocada pura e simplesmente pela pressão extrema. Eu particularmente acho que as duas são a mesma coisa vista por ângulos diferentes, moldadas ao gosto da abertura interior de quem as lê.

O décimo quarto arcano do tarot me parece mais do que conectado com a figura do arcanjo Rafael, pois a cura proposta por ele não é apenas física, mas também interna e espiritual. Daí esse arcano ser sempre associado a tratamentos de saúde, quer sejam eles alternativos ou convencionais. As ânforas laçando água uma sobre a outra são a expressão de uma mistura ou composto que pretende chegar a uma síntese curativa. O número deste arcano é 14 cuja soma 1 + 4 = 5, o número da quintessência mística, o elemento que sintetiza a alma humana. Esse número também corresponde ao arcano de O Hierofante que simboliza, entre outras coisas, os médicos, curadores e terapeutas de todo tipo. Na Bíblia Rafael aparece no Antigo Testamento, no Livro de Tobias ele ordena que Tobias domine um peixe que tentou devorá-lo para retirar-lhe o fel, com o qual o próprio Rafael cura a cegueira do pai de Tobias.



O tempero proposto pelo título desta carta tem muito menos a ver com as qualidades de parcimônia e prudência pretendida pela doutrina católica e mais com a ativação da personalidade com um novo sentido interior de existência ou com elementos que lhe faltam.



Assim uma personalidade suave e muito frágil fica mais efetiva se lhe forem acrescidas as qualidades do foco e do rigor. Aleister Crowley e Frieda Harris representaram isso muito bem no arcano Arte (nome que deram ao arcano de A Temperança) onde uma cabeça é composta por duas faces inteiras unidas! Nesse caso a união das partes ficou maior que o todo. Por esse princípio uma personalidade quando ativada, ou temperada, com um novo significado, propósito ou qualidades que estruturem melhor sua expressão, se torna maior do que a sua antiga forma.

A cura apresentada pelo arcanjo Rafael é uma consciência nova, mais ampla e cheia de novas perspectivas! O que coaduna muito bem com a ideia de tempo e demora que também acompanha o simbolismo deste arcano, afinal tudo que acabamos de falar faz parte de um longo processo, tanto interno quanto externo, que poderá ser precedido de algum tipo de sofrimento, como os citados no início deste artigo.




Transição da Morte para a Temperança:
rupturas dramáticas
ampliam a percepção da vida.

Arcanos maiores do Tarô de Marselha



O Diabo

Ou Lúcifer, também aparece no tarot. Depois de o arcano de A Temperança, surge o arcano XV de O Diabo que na sequência representa o perigo de a nova ampliação da consciência esbarrar em conceitos puramente materiais. É bem conhecida a comparação que alguns tarólogos tecem entre as cartas de O Hierofante e o Diabo. No tarot de Marselha, ambos fazem gestos iniciáticos! O primeiro parece alertar para o fato de que há muito mais na vida para além do que vemos. O outro tenta nos convencer que tudo está no mundo visível e que para fora dos cinco sentidos nada mais há a ser percebido! Podemos dizer com isso que vivemos numa era onde o Diabo assumiu o controle!

Mesmo pessoas que se dizem muito religiosas, como nos cultos pentecostais, enumeram sempre aquisições materiais como resultado de sua fé. “Com Jesus minha vida financeira se encaminhou” ou “Fiquei curada! Já tinha até perdido as esperanças!” ou ainda “Depois que entrei para a igreja arranjei um emprego e larguei o vício!” e assim por diante!... Quase nunca dizem uma palavra sobre o que apreenderam da vida para além do seu significado físico. Nada houve de realmente místico nessas conquistas. A experiência mística alcança sempre níveis de compreensão transpessoais e por isso mesmo universais. Portanto, que fique claro de que o materialismo não é coisa apenas de ateus, mas também dos que desconhecem o real sentido da espiritualidade.






Lucifer, o habitante das trevas.

Pintura de Franz von Stuck (1890)

O arcano de O Diabo personifica nossos anseios materiais, paixões físicas, ambições, inveja, ânsia por controle e poder. Tudo o que excita nossa fera interior, cheia de fantasias vergonhosas e segredos sujos que a maioria faz de tudo para manter longe de olhos alheios. A culpa por cultivar essa fera é aliviada quando o olhar se volta para fora e o senso comum mira o diferente taxando-o de “anormal”. O manto da normalidade aplaca a vergonha do demônio pessoal que jaz nas profundezas escuras da consciência.

Na Bíblia diz-se que Lúcifer é um anjo caído, que foi expulso dos céus pelo arcanjo guerreiro Miguel e por ele arremessado às profundezas da terra onde passou a viver e a arder em sua própria fúria. Lá Lúcifer, cujo nome quer dizer portador da luz, vira Satã, que significa adversário, ou simplesmente o Diabo, que significa caluniador.

As profundezas da terra são as profundezas da natureza e do corpo, assim sendo tudo o que se referisse ao mundo natural ou dos instintos transforma-se em demoníaco.



Só para esclarecer, a palavra demônio foi mais tarde adicionada aos nomes do Diabo, mas é de origem grega. Deimos era um dos filhos de Ares, o deus da guerra, e a tradução do seu nome é medo. Muito apropriado! Satã ou Lúcifer começa então a ser visto como o grande adversário da humanidade instigando nela todo o calor de seus instintos mais primitivos, um agente eterno do mal que age nas sombras, na escuridão, muito longe de toda a luz da qual ele foi, um dia, o grande portador.

O medo da escuridão é um dos medos mais atávicos na humanidade. Uma antiga placa em terracota encontrada na Suméria (4.000 e 3.000 A/C) mostra a figura de Lilitu, o terrível espírito feminino da noite. No Talmud hebreu ela aparece como Lilith, a primeira mulher de Adão, que ao não aceitar o domínio e subjugação ao homem como uma forma de obediência a Deus cai em desgraça, se refugia nas sombras e começa então a parir 100 demônios por dia. Lilith vira, a partir disso, a mãe de todo o mal.




Lilitu, à esquerda, o terrível espírito da noite (placa sumeriana em terracota).
O Diabo, à direita, no Tarot de Marselha. Mera semelhança...?!

Há uma incrível semelhança entre a milenar figura na placa de terracota e o arcano de O Diabo, como ele aprece no tarot de Marselha. Assim, nos primórdios das religiões monoteístas e organizadas, o mal passa a ser associado à natureza, aos instintos, sobretudo os sexuais, as mulheres e ao feminino como um todo! Mulheres são vistas com desconfiança, e os tipos afeminados de homens passam a ser tidos como uma ameaça ao mundo masculino. Vê-se nisso as raízes do machismo e da homofobia na mesma origem.

Miguel e Gabriel

Miguel e Gabriel se revezam na regência de um dos últimos arcanos do tarot O Julgamento, o vigésimo dos arcanos maiores. Afinal quem é o anjo que aparece tocando as trombetas sobre as catacumbas abertas anunciando a chegada de um novo tempo?






O Julgamento

Miguel é tanto o guerreiro que baniu o mal do reino dos céus, como o grande julgador das almas, que segundo as escrituras bíblicas, virá no dia do juízo final convocando as almas de todos os que já viveram sobre a terra para o grande julgamento presidido por Jesus Cristo renascido. Nesse dia, segundo essas mesmas escrituras, todos os mortos voltarão à vida.

Se entendermos o Juízo Final metaforicamente, ele é uma conscientização profunda e transformadora, que pode se dar tanto a nível global quando individual. Olhando por esse prisma parece mesmo que Miguel se enquadra bem no simbolismo de O Julgamento. Esse arcano simboliza a reavaliação da vida diante de um chamado interno, algo como uma convocação íntima que traz questionamentos profundos tipo: “Por que isso sempre acontece comigo?” ou “Como pude viver assim até hoje?”, “Como as coisas chegaram a esse ponto?”. Esse momento crítico pode levar a consciência a uma súbita compreensão das vivências do passado e dos padrões que moldam o que conhecemos como o futuro, dentro do momento presente. Esse evento é análogo ao samadhi dos indianos ou ao satori dos japoneses, que podem ser traduzidos como a iluminação.



Essa transição reveladora, no entanto, guarda semelhanças com o simbolismo do arcanjo Gabriel. Ele aparece em momentos cruciais das histórias sagradas para mudar o rumo dos acontecimentos, tanto no cristianismo como no islamismo. É Gabriel quem avisa a Maria que ela dará a luz ao messias, e depois é ele quem a avisa do risco de vida que o menino corre diante do assassinato de crianças ordenado por Herodes, rei da Judeia, e ordena que Maria e José fujam. Foi Também o arcanjo Gabriel quem ordenou a Maomé que escrevesse o alcorão, o livro sagrado do islã.



Muitos de nós, ou todos nós, passamos por grandes questionamentos onde o passado e o presente se confrontam numa ânsia por dar significação a existência. Temos de admitir, porém, que para a maioria das pessoas isso passa, é varrido para debaixo do tapete da rotina de cada um sem com que a consciência ou a direção da vida mudem. Ao contrário do que acontece no arcano XIV A Temperança, onde se obtém um vislumbre do novo caminho a seguir, em O Julgamento fica claro onde está o problema dentro do contexto de uma vida, e ele é tanto reconhecível quanto inegável.

Na Temperança há um olhar para diante cheio de perspectivas. No Julgamento há um olhar para trás cheio de intenções de correção e ou compreensão. O que não significa que eles ocorram, pois que geralmente são difíceis de executar, e muito menos que levarão a uma verdadeira iluminação, já que isso é para as poucas almas que amadureceram no processo de suas muitas vidas! Quando ocorrem, tanto a correção quanto a compreensão, então são um atributo do arcanjo Gabriel o grande anunciador, e não do arcanjo Miguel o justiceiro e julgador das almas.




Arcanjo Miguel



E o Outro Anjo?






Alguns alunos e leitores me cobraram para que eu falasse sobre o outro anjo que aparece no tarot, mais precisamente na carta de O Enamorado, o sexto arcano. O que respondo aos meus inquiridores é de que não se trata de um anjo, mas da figura do deus Greco-romano do amor, Eros. A imagem de Eros sobre casais apaixonados, flechando corações incautos era bem comum na arte popular renascentista. O mais usual era representá-lo como um anjo bebê com asas, pronto a desferir um tiro certeiro no coração de um jovem rapaz... Ah, e quase invariavelmente era um rapaz, pois que os galanteios de amor eram uma premissa masculina.

O que podemos dizer mais sobre isso é de que essa representação de um infante com asas era uma figura tradicional dos anjos querubins, representados por artistas como Raphael ou Rosso Fiorentino. Na tradição judaica da Cabala os querubins estavam relacionados com a sephira de Chokmah, a suprema sabedoria.


<-- Os Enamorados - Tarô de Marselha





Ora, o que vemos não é justamente um jovem que tem de escolher entre dois caminhos, um justo e outro pecaminoso? Um coerente com seus valores e outro subversivo aos seus modelos internos? E quanta falta faz uma sábia orientação nessas horas, ou mesmo uma “luz” superior que nos oriente! Quantas escolhas que parecem inocentes mostram-se depois desastradas por falta de maturidade ou de ouvir a sabedoria interior? Quantas escolhas aparentemente sem importância no princípio se mostraram um grande erro com o passar do tempo? E não vamos aqui nos deter em avaliar se essa sabedoria vem do nosso inconsciente ou de uma inspiração do Eu Superior, a porção do divino que habita dentro de cada um de nós! A verdade é que a falta de atenção a essa inspiração, ou mesmo a total falta dela, faz toda a diferença entre o sucesso e o fracasso com muito mais frequência do que se possa imaginar.




Dois querubins lendo

Pintura de Rosso Fiorentino (1494-1540)


(fonte: http://www.clubedotaro.com.br)
Mago Athael tarólogo e Espiritualista

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cigano Pedrovick

Por Lucas Lopes(Mago Athael)
Olá AMIGOS, hoje vamos falar do cigano Pedrovick. Pouco se sabe sobre sua vida, as informações que temos sobre ele é de suas magias e como ele se apresenta entre os ciganos e rituais.

Este cigano aprecia a cor azulão e sempre traz na mão uma pena de pavão (até rimou isso aqui!!). Esta ave é a preferida desse cigano, e quando o pavão abre sua cauda, significa que está desmanchando a energia negativa. É um cigano guerreiro, sua especialidade é desmanchar feitiços e rituais de magia negra. Aprecia muito a fruta “manga-espada”, e é com esta fruta que ele faz suas mandingas. Pedrovick tem um jogo oracular que poucos conhecem, com quatro caroços de manga ele consegue falar o passado, o presente e o futuro. Ele também faz um pó com esses caroços e sopra quando o vento é forte, usando essa magia contra inimigos. Este cigano tem uma reza que afasta os inimigos, porem não nos foi permitido colocar aqui, mas você pode acender uma vela azul escura pra ele e se tiver sorte ele até te ensinará, pois adora fazer amizades verdadeiras e não perdoa quem ofende seus amigos, se tornando um cigano “possesso”.

Ele possui um mistério ligado à gruta de São Bartolomeu, onde estão o fundamento e magia da “Mãe-Cobra” que é o arco-íris. as pessoas que moram em São Salvador devem saber certinho onde é este lugar.

E para finalizar as informações sobre esse cigano, descobrimos que ele adora contemplar o Sol.

é um cigano muito forte, sempre ajuda aqueles que pedem com fé.

Magia com Pedrovick para abertura de caminhos.

Ingredientes:
3 mangas-espada
3 punhados de cevada
3 moedas atuais
1 prato de papelão ou uma folha de mamona bem grande
3 velas azuis

Modo de Fazer: Faça esta oferenda na Lua Crescente. Leve todo o material para uma estrada. Coloque o prato ou folha de mamona no chão, passe no corpo simbolicamente os punhados de cevada e coloque-os no prato ou mamona. Coloque por cima as mangas e em seguida as moedas. Acenda as velas em forma de triângulo, em volta do prato, e entregue ao cigano Pedrovik, pedindo a abertura de seus caminhos.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

COMO E PORQUE O TARÔ FUNCIONA

O objetivo desse texto não é racionalizar, mas quando se fala de cartomancia não tem como não recorrermos a Jung e sobre o que ele falou sobre o que chamamos de inconsciente coletivo. Jung falou muito sobre a interdependência de nosso inconsciente com nosso estado consciente. Por inconsciente coletivo, entende-se por um quadro universal de símbolos e imagens entendidos comoarquétipos, ou seja, universais ao ser humano. O mesmo também falava sobre a sincronicidade ou pensamento sincronístico que, a grossas linhas e de modo geral, é a ligação dos nossos pensamentos e da nossa mente com ações no tempo. 

Para Campbell, talvez a maior autoridade intelectual em mitologia diz que o mito são pistas para as potencialidades da vida humana. Mitologia é aprendizado, conhecimento e experiência.  

Joseph Campbell, em entrevista a
Bill Moyers. Campbell é uma
autoridade mundialmente conhecida
no campo da mitologia.
Resumindo: na teoria, tudo e todos estão, de uma ou de outra forma conectados. O que o tarot faz é, através da escolha inconsciente das cartas, trazer à tona símbolos e mensagens simbólicas que o consulente precisa saber naquele momento. Quem lê as cartas é um facilitador, talvez um mediador desse processo. E essa é a parte mais difícil: fazer com que o consulente entenda essas verdades.

É natural que muitos encarem esse tipo de arte com um certo tipo de ironias e não são poucos os que fazem suas "brincadeiras" ou seus "testes" pra ver se realmente funciona. Quanto à isso, não creio que valha a pena falar mais do que já foi falado. Só arrisco em dizer que deve ser muito chato ver a vida de um modo totalmente científico e racional - ou pelo que, em nossa ignorância, entendemos como racionalidade ou ciência. 

Cartomante retratada na arte: A leitora do
futuro
 de Frédéric Bazille, 1841-1870.
Há séculos as pessoas recorrem às cartas para saber sobre seu passado, presente e futuro. Um argumento simples é o da funcionalidade: pois se as cartas respondem, se recorre à elas mais uma vez, e isso pode acontecer em uma escala de dias ou de gerações. Desde que tive a oportunidade de trabalhar com o tarot, aprendi e errei muito, ao passo que também já presenciei muitas expressões de perplexidade e espanto: e o melhor, sem ter de me utilizar somente disso pra provar que funciona. Até mesmo porque, provar ninguém precisa provar. Para um bom entendedor, um bom conjunto de argumentos já é o suficiente. E quem já teve a vida transformada pela conversa com as cartas também pode exemplificar. 

"O pensamento lógico pode te levar de A até B. A imaginação pode te levar a qualquer lugar". 

Einstein. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

7 Mitos Modernos sobre o Tarot



Uma após outra as gerações tentam de algum modo, derrubar os mitos da geração passada. Esse processo é muitas vezes necessário e importante já que as crenças populares somados à cultura de um tempo criam muitas superstições que toldam a verdadeira natureza do saber. Por outro lado há o intrigante fato de que sempre que se derruba um mito, ergue-se outro. Como disse C.G. Jung “Mais cedo ou mais tarde tudo se transforma no seu contrário”, ou seja, acabamos por nos tornar aquilo que combatemos. Por isso aquele que luta por uma verdade e por esclarecimento pode acabar criando uma sombra tão tenebrosa quanto a que ele mesmo combatia. Como em todos os temas humanos vejo também na tarologia esse tipo de coisa ocorrer.

Muito dos mitos modernos criaram-se para derrubar alguns tabus que impediam a linguagem dos arcanos de se tornar mais fluida, mas como a ambivalência é da natureza humana, acabaram virando mitos às avessas justamente porque estreitaram, de algum outro modo a compreensão do tarot, ou seja, viraram os novos tabus! Outros mitos vêm da velha hipocrisia humana, algo como “Faz o que eu digo, mas não faz o que eu faço”. Outros ainda são só uma jogada de marketing mesmo, uma forma de vender um serviço, um curso, ou um livro que acaba distorcendo e restringindo um tema de domínio universal como a tarologia, para as opiniões de uns poucos autores e ou professores.

Selecionei sete mitos modernos, e escolhi esse número porque o sete sugere um aprimoramento, uma possibilidade de questionamento e revisão. Há, é claro, muito mais do que sete tabus perturbadores sobre a prática tarológica, mas acho que esses que selecionei se encaixam muito bem na moderna mitologia do estreitamente da visão.

1º) Tarólogos não são adivinhos.


Eis o meu mito preferido! E gosto dele por já ter me surpreendido com muitos tarólogos que alegam que o tarot definitivamente não é um instrumento divinatório e sim um meio de investigação do inconsciente humano, mas que acabam fazendo parte dos paineis, em sites como no Clube do Tarot, para as previsões relativas à Copa, às eleições, ao ano novo… E assim por diante! O grande equívoco aqui é o de negar que todos os sistemas oraculares possuem, intrinsecamente, uma tendência tanto preditiva, quanto adivinhatória! Por isso, muitos dos combatentes da adivinhação com o tarot acabam fazendo previsões para o fim do ano.
Duvido muito que em consultório eles não se defrontem comperguntas do tipo: “Mas como vai ficar essa relação?”, “Posso investir nesse projeto?” e quando isso acontece o que eles fazem? Desfraldam o repertório junguiano em cima do cidadão ou cidadã?

Aqueles que tentam dissociar tarot de advinhação não querem em cima dos seus ombros o peso da distorção que a palavra sofreu! Adivinhar vem de divinar, ou seja, unir o divino e o mundano, o prático e o subjetivo, sem pender exclusivamente para um lado nem para o outro, realizando a aliança entre o interno e o externo. Isso sim é um trabalho verdadeiramente holístico, e é perfeitamente possível.


2º) Tarólogos não são cartomantes.

Esse é demais porque simplesmente nega o óbvio! Imaginem que eu fiquei os últimos vinte e dois anos da minha vida jurando que o tarot é um baralho de… cartas! Já pensou?… Agora falando sério, aqui caímos de novo no preconceito que a cartomancia divinatória sofreu ao longo dos anos numa sociedade cada vez mais cerebral e menos intuitiva, cada vez mais material e exterior e menos espiritual e interior.
O termo mância vem do grego e uma das suas traduções é arte, portanto, uma das definições possíveis para cartomancia é “a arte das cartas”. Criar a divisão tarólogos x cartomantes cria inevitavelmente uma comparação e uma disputa velada. A profundidade de um trabalho independe do baralho que se usa, mas do uso que dele se faz aliado à visão de cada cartomante. E como já disse o meu amigo Emanuel J. Santos, historiador e tarólogo: “É fato que nem todo o cartomante é um tarólogo, mas todo o tarólogo é um cartomante!”.

3º) Tarólogos não são bruxos.

Essa alegação é bem estranha, soa quase como uma regra ou condição, mas é totalmente falsa! As duas coisas não são excludentes. A bruxaria é uma religião primitiva de milhares de anos que cultiva a comunhão com a natureza e se utiliza dos oráculos para reflexão e adivinhação. O tarot é um instrumento perfeitamente compatível com suas crenças, embora seja verdade que nenhum deriva do outro. Quanto à afirmação de que tarólogos não são bruxos, sugiro apenas cautela, pois novamente o que poderia ser apenas um termo de esclarecimento pode virar uma cartilha do que somos (ou devemos ser) e do que não somos, como um regulamento, além de correr o risco de criar a velha oposição dos egos (algo tipo tarólogos x bruxos). Sim há tarólogos que são devotados bruxos, ou wiccanos, e há seguidores da religião wicca que não se interessam pelo tarot! Simples assim.


4º) O tarot não precisa de rituais para ser utilizado.

Na linha racionalista que está sendo difundida nos temas espirituais, esotéricos, holísticos ou ocultos esse é um dos mitos mais curiosos. Quero dizer em princípio que eu concordo com essa afirmação assim como ela é colocada aí em cima. Não é o baralho de cartas que precisa dos rituais, somos nós. Somos nós que sofremos as influências do nosso meio, cultivamos preocupações e nos perturbamos com isso. Pensemos um pouco sobre o fato de que para nos exercitarmos é aconselhado um aquecimento. Antes do amor, preliminares e jogos sensuais! Antes da meditação é preciso centrar e acalmar a respiração… Minha pergunta é: Por que motivo um trabalho que mexe com símbolos da alma humana, e a psique das pessoas não precisaria de preparação?

Os rituais são meios pelos quais nos despimos dos afazeres mundanos e das preocupações ordinárias para entrar em contato com uma dimensão mais interior e receptiva do ponto de vista psíquico. Uns se utilizarão de meios mais elaborados para cumprir sua interiorização, outros ainda farão orações, acenderão velas, incensos, ou desenharão símbolos mágicos no ar, outros apenas limparão a mente e respirarão algumas vezes antes da consulta, ou qualquer outra coisa que ajude a atingir a parte mais profunda de si mesmos. Todas essas práticas são rituais!

Os ritos são todos válidos e necessários sim. No contato com as cartas mergulhamos em nós mesmos e depois no outro e isso não é uma experiência qualquer. Como toda a atividade humana precisa de preliminares de algum tipo antes de sua execução, e duvido muito que alguém não se utilize de uma prática desse tipo, mesmo sem saber o que está fazendo!

5º) É preciso estudar muito para interpretar o tarot corretamente.

Esse é o mito que se criou para combater os tarólogos que alegavam que ler as cartas era um dom ou que herdaram isso de algum familiar mais velho que já executava a atividade. Mais uma vez proponho um olhar para o meio, existem sim pessoas que depois de muito estudo e prática conseguem ler o tarot, outros apesar de pouca leitura e conhecimento sobre técnicas de tiragem, são exímios em captar as mensagens dos arcanos. A taróloga e escritora Cynthia Giles em seu livro Tarô uma História Crítica, assinala que há os chamados leitores psíquicos, pessoas que se utilizam das cartas apenas como um trampolim para acessar a chave inconsciente daqueles que os procuram. As duas coisas são possíveis, e alguns terão que esfregar o nariz nos livros por muito tempo, ou o resto da vida, e outros acessarão essa linguagem de modo fluido.

É importante que não se sucumba a tentação do ego em tentar saber quem tem mais méritos, a meu ver ambos o tem! Um já nasceu com ele e o outro o conquistou! Tanto o leitor mediúnico, ou psíquico, quanto o analítico intelectual ocupam o seu lugar na vida e tem sua função. As conclusões a que ambos podem chegar não tem como ser diferentes, afinal a vida de quem se consulta é uma só! O que muda são os métodos e as terminologias que encontrarão, cada uma, a sua própria audiência. As duas abordagens são necessárias e haverá aqueles que preferem embasamento teórico e aqueles que confiarão mais em guiança mediúnica, e ponto final!

6º) Qualquer um pode aprender tarot.

Esse é um mito do capitalismo, afinal como é possível vender um curso se o público não acreditar que a matéria é acessível? Quero ressaltar que nesse caso eu também concordo com a afirmação assim como ela foi apresentada anteriormente, qualquer um pode entender a jornada dos arcanos e relacionar ela com a própria jornada humana pela vida, tirando disso muitas lições para o seu próprio desenvolvimento, agora daí a dizer que se formou um tarólogo… Comparo com a arte do desenho, ora todos nós podemos aprender a desenhar, desde criança esse é o primeiro gesto criativo! Mas quantos de nós aprenderão a desenhar como Da Vinci, ou Picasso? Ou num comparativo mais próximo, quantos dos que desenham razoavelmente bem tem seu trabalho reconhecido, fazem exposições, vendem e vivem da sua arte?… Pois é, como qualquer outra atividade humana o tarot requer talento sim, pois sem isso teremos só intérpretes medíocres. Como um desenhista que só aprendeu a fazer o homem palito da infância e que o apresenta às pessoas arrematando com a pergunta: “Não é lindo?”

Para os que me indagam de como saber se este é ou não o seu talento, eu digo que o único jeito é percorrer o caminho, fazer um curso, exercitar leituras e depois usar um pouco de bom senso e honestidade consigo mesmo! Aconselho a qualquer um desconfiar dos cursos de formação de tarólogos, ainda mais os rapidinhos.

7º) O método mais eficiente.

Com certeza esse mito sempre será criado, tempo após tempo… É muito difícil de derrubar uma coisa dessas! Sempre haverá um autor de mais relevância que criará uma tendência, e sempre haverá seguidores para essa tendência, que divulgarão que os que não a seguem não conhecem a verdade, ou estão equivocados, ou ainda que não são tão bons assim… O único jeito é ficar sempre atento a um fato bem simples: qualquer autor, por mais aclamado que seja, só é capaz de viver a sua própria experiência e tirar o máximo dela, e nisso ele será igual a qualquer um nós! Por mais adeptos que suas ideias alcancem não significa que sejam a melhor visão e muito menos a única a ser seguida. Afinal os que não conseguem se enquadrar nessa “verdade” devem fazer o quê? Desistir do tarot? Nenhum tarot é o definitivo, nenhum método de leitura ou maneira de dispor as cartas é o mais correto ou eficiente. Há inúmeros tarots, métodos e sistemas de leituras, experimente todos até descobrir o seu.

Não se esqueça de que a maravilha do tarot é não ter um dono, fundador, ou inventor reconhecido. Muito menos uma autoridade inatacável quanto a sua aplicação oracular. E essa liberdade permite com que cada um o utilize como quer, diferentemente de outros, e todos usando o mesmo instrumento! Ninguém está livre de ser questionado ou contestado não importa o tamanho da bibliografia a que ela (ou ela) tenha se dedicado a dissecar, nem quantos museus tenha visitado. Somos todos pessoas compartilhando nossa visões interiores e transmitindo esse conhecimento cuja origem apenas em parte é humana e racional.

 Este artigo foi publicado no Clube do Tarot 
em fevereiro de 2011.
MAGO ATHAEL TARÓLOGO E ESPIRITUALISTA
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Métodos e Uso


Texto de 
Constantino K. Riemma
Utilizar as cartas do Tarô em consultas para si próprio ou com amigos significa, antes de mais nada, um exercício prático para desenvolver o pensamento simbólico, a arte de estabelecer analogias.
No entanto, para o iniciante, o ato de "consultar o Tarô" é a parte que envolve um bom número de dificuldades e de incompreensões que, de modo geral, obscurecem as mensagens simbólicas das lâminas. Os preconceitos e superstições, os rituais e formalismos gratuitos, as apreensões muitas vezes propaladas por aproveitadores, acabam por confundir aquilo que, na origem, era leve, lúdico e estimulante.

O Tarô, ao invés de gerar temor, pode se tornar, para cada um de nós, fonte de inspiração e de nova compreensão das leis que regem o universo e dos caminhos evolutivos. Ele é, por isso mesmo, um instrumento de ajuda e não de vaticínios alarmantes.

O conjunto das lâminas pode ser utilizado de modo aberto, não só para prognósticos ou previsões, mas também como recurso terapêutico e de apoio ao estudo de si-mesmo e desenvolvimento interior.
Imagem obtida em http://xepher.net/~darkmidnight/Pics/
Magias e fantasias
A atitude básica
O iniciante, para ficar mais à vontade e melhor usufruir os benefícios desse jogo secular, é bom livrar-se, em primeiro lugar, de idéias preconcebidas ou superstições: achar que precisa seguir ritos mágicos, formalismos cerimoniais, ou que lidar com o Tarô é assunto para vidente ou paranormal, ou então acreditar que “ler as cartas” significa apenas prever acontecimentos penosos ou sofridos para as outras pessoas.

Na verdade, seria melhor entender as lâminas do Tarô como cartas de um velho sábio, bom amigo, generoso e acolhedor, que nos oferece indicações, sugestões e estímulos renovados para compreendermos nossas vidas, refletirmos sobre as conseqüências de nossos atos e elaborarmos prognósticos e cenários de futuro que poderão nos ajudar a dirigir com maior eficácia nossos empreendimentos na vida exterior e interior.

O ideal é que as consultas sejam feitas com espírito aberto, com naturalidade, dentro dos modelos espirituais e religiosos da pessoa. Não precisamos adotar nenhum rito estranho ou nebuloso, nem nos convertermos a qualquer seita exótica. O Tarô foi um presente, sem sectarismo, de Escolas iniciáticas para ajudar e não para complicar nossas vidas.

Se o consulente considera importante um gesto de recolhimento antes de trabalhar com as cartas, ótimo. Essa disposição será mais eficaz se inspirada em seus próprios padrões religiosos ou modelos espirituais. Não são as formalidades exteriores que nos preparam, mas sim as disposições interiores.

Escolha das técnicas de tiragem
Existem dezenas e dezenas de modelos para consulta às cartas do Tarô. Não há, porém, uma técnica ou método de tiragem ideal. Varia com o objetivo da leitura e com as preferências individuais. Muitas vezes, modelos simples com três ou quatro cartas podem oferecer maior clareza e objetividade que alguma técnica sofisticada com muitas cartas.

A sugestão, para o iniciante, é começar com os modelos mais simples e, com a prática, repassar as técnicas mais complexas, que por vezes se apóiam em outras linguagens simbólicas como é o caso, por exemplo, da tiragem astrológica.

Três regras de ouro
Madame Turpaud, autora de Le Tarot de Marseille, oferece muitas sugestões úteis para o iniciante. Ela insiste para não permitirmos que formas rígidas nos limitem. As tiragens devem ser flexíveis e, de preferência, montadas de acordo com as questões e diferentes aspectos que estivermos examinando. Desse modo, três regras gerais podem nos propiciar uma leitura consistente do Tarô:

1ª - estabelecer, antes de retirar cada lâmina do maço, qual o sentido ou função que ela irá ter no jogo;

2ª - fazer uma "leitura literal" da lâmina, ou seja, verbalizar simplesmente o que a carta está mostrando;

3ª - buscar, à medida que for desvirando as cartas, estar receptivo às impressões, idéias, intuições e pensamentos fugidios que possam surgir, em ressonância à função previamente atribuída à carta.

Vamos traduzir esses conselhos na prática.
1 - a função da carta: sem complicações
O ideal é que o modelo de consulta siga a “regra numero 1” da Madame Turpaud: atribuir previamente, a cada carta, qual o papel ou função que assumirá na jogada. Se quisermos, por exemplo, compreender uma relação pessoal, profissional ou afetiva, podemos pedir que se tire uma carta para representar uma pessoa e, do mesmo modo, uma segunda carta para representar a outra pessoa. Se o objetivo é conhecer os pontos fortes e os pontos fracos da relação, pediremos uma carta para explicar os pontos favoráveis, propícios, e outra carta para dar conta dos pontos difíceis, que precisam ser trabalhados. Nesse caso, as cartas serão retiradas do maço para dar indicações sobre questões bem definidas.

Muitas vezes a maior curiosidade é pela previsão: saber no que vai dar a relação. Nesse caso, se já tivermos feito sorteio de outras cartas, como no exemplo que acabamos de propor, o consulente pode retirar mais uma carta do maço para saber os prognósticos da relação. Mais ainda, quando a atitude não é de fatalismo, mas sim de trabalhar a situação, uma nova carta será a mais importante: o conselho para lidar ou aprimorar a questão.

Se a pergunta estiver clara e se tirarmos uma carta para estudar cada ângulo que julgarmos importante, meio caminho de uma boa consulta já terá sido percorrido.
2 - leitura literal: partir do que se sabe.
Uma dos defeitos que “matam” a leitura de uma tiragem do Tarô é atribuir às cartas os lugares-comuns do receituário popular, da cartomancia simplória que reduz tudo a “bom” ou “ruim”. É o que também acontece, muitas vezes, com os símbolos astrológicos, em que os signos e planetas são reduzidos a bons ou ruins, maléficos ou benéficos.

É importante lembrar que as cartas não ditam o destino, mas esclarecem os pontos a serem trabalhados e assimilados. Portanto, quanto mais rentes estivermos dos desenhos simbólicos das cartas, menores serão os riscos de enganos e desvios da imaginação. A recomendação é a de partirmos da compreensão que temos das cartas, sem invenções. Lembre-se: os adivinhos ou sensitivos, não precisam das cartas, pois recebem informações por outros caminhos. Ou seja, além de um recurso divinatório, o Tarô pode se tornar, para a maioria de nós, um instrumento para estudarmos e compreendermos as leis que regem os acontecimentos e a nossa vida pessoal.
3 - receptividade: praticar e conferir.
O exercício de pensar simbolicamente não é cultivado no sistema escolar moderno. Pelo contrário, é desestimulado. Desse modo, não precisamos nos sentir desmoralizados ou impacientes diante de nossa dificuldade inicial para “ler” as cartas do Tarô. O caminho é exercitar e praticar leituras, para si mesmo ou para amigos interessados.

A vantagem de praticar entre os amigos é que não precisamos dar banca de adivinhos. Aliás, por mais atraente que seja a arte oracular, o Tarô vai além. Entre amigos podemos pensar juntos o significado das combinações das cartas, trabalho que pode ser resolvido pela inteligência e pela prática. Podemos consultar o que dizem os manuais, discutir, pensar, interpretar. É importante também registrar as impressões de conjunto, intuições, vislumbres, lampejos. E depois esperar que os fatos comprovem ou corrijam o que entendemos. Esse caminho prático é seguro e confiável. Podemos aprender com os fatos, sem pretensas adivinhações.
Os significados das cartas
Se a primeira "regra de ouro" mencionada acima for bem aplicada, ajudará a resolver uma dificuldade básica. Entre os que começam a utilizar o tarô em tiragens a pergunta mais comum é a de como traduzir cada carta. Sentem dúvidas se devem falar dos aspectos positivos ou negativos. Não sabem como escolher entre os significados contraditórios que aparecem nos diferentes livros e autores.

Essa questão é de fato essencial. Não encontraremos uma resposta fácil para ela porque, na realidade, os símbolos são mais amplos, mais profundos e mais repletos de significados do que as limitadas perguntas que fazemos habitualmente. Mesmo que o tarólogo tenha muita experiência, estará sempre diante da dificuldade de reduzir o mundo rico e variado dos arcanos ao acanhamento das nossas formulações.

O que pode ajudar a leitura é definir claramente o que esperamos que a carta indique. Por exemplo, se queremos compreender bem uma situação, tiramos uma carta para esclarecer seus pontos fortes e outra carta para mostrar seus pontos fracos. Nesse caso, levaremos em conta os significados positivos da carta tirada para explicar os pontos fortes. Para traduzir os pontos fracos da situação levaremos em conta os pontos negativos que em geral são atribuídos à carta que foi tirada para explicar esse lado da questão.

É importante, quando estudamos os símbolos do Tarô, procurar conhecer pelo menos três aspectos em cada carta: seu lado luminoso ou positivo; o lado de sombra ou negativo; e o conselho que oferece. Quanto mais amplo for o nosso entendimento, mais fácil será aplicar a carta à função que definimos a ela durante a tiragem.

Arcanos Maiores e/ou Menores?
Tarot ou baralho comum?
Outra questão em aberto, nas consultas, é a de utilizar o baralho inteiro ou apenas parte dele. Há aqueles que utilizam o conjunto das 78 cartas (22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores, ao mesmo tempo). Os usuários do chamado “Tarô Egípcio” não encontram qualquer motivo para tal separação, pois as 78 cartas foram redesenhadas todas no mesmo padrão dos arcanos maiores, sem clara distinção entre os naipes.

Já entre os que utilizam o modelo clássico, muitos praticantes separam dois maços: um com os arcanos maiores e, o outro, com os menores. E, de acordo com a função que a carta ocupará na tiragem, pedem que o cliente retire cartas ou do monte dos arcanos maiores ou do monte dos arcanos menores.

Dicta e Françoise, por exemplo, sugerem que se comece a consulta com os Arcanos Menores; caso apareça um Ás, significa que a questão é importante e merece ser examinada com a ajuda dos Arcanos Maiores. Para deixar a questão em aberto, podemos lembrar um ponto de vista oposto, o de G. O. Mebes, ao afirmar que os Arcanos Menores falam de um plano mais sutil que o retratado pelos Arcanos Maiores...

Há também aqueles que, com propósito pedagógico ou terapêutico, utilizam apenas as cartas com desenhos mais personificados. Ou seja, deixam de lado as 40 cartas numeradas dos quatro naipes, e utilizam somente 42 cartas (22 arcanos maiores, 16 figuras e os 4 ases).

Do ponto de vista do iniciante, talvez fosse melhor começar pelos arcanos maiores, mais diferenciados e, por isso, mais diretos para evocarem analogias e significações simbólicas. Ficará para uma segunda etapa a inclusão das cartas numeradas (arcanos menores), mais abstratas e que exigem maior estudo.

A bem da verdade, essa última afirmação vale mais para a nossa atual população urbana, classe média, com formação escolar padrão. Nas pequenas comunidades do Interior brasileiro a história é outra: as mulheres do povo que desempenham o papel de curadoras, benzedeiras e cartomantes, encontram disponível apenas o baralho comum, de carteado, com suas 52 duas cartas (as 40 numeradas em quatro naipes, mais 12 figuras, sem o cavaleiro). E é com esse baralho, sem aparentes evocações esotéricas, que fazem suas leituras e ajudam as pessoas de suas comunidades...

Nada impede, afinal, que se pratique "ler as cartas" apenas com o baralho comum. Aliás, ele é quase completo, quando comparado aos "arcanos menores" do Tarot original: faltam apenas os Cavaleiros. Além disso, o baralho comum tem quase 50% de cartas a mais do que os jogos remontados e reduzidos por Etteila e Lenormand, a partir do início do século 19, também conhecidos como "baralho cigano".

Nunca é demais repetir: não existem regras absolutas para o Tarô. Tal como acontece com os jogos de cartas para o lazer – buraco, tranca, truco, mico, rouba-montinho e por aí afora... – são os participantes que combinam entre si as regras e suas variações, se utilizam todas as cartas do maço ou apenas parte, se jogam com um maço de baralhos ou com dois. O importante é experimentar e verificar, por conta própria, o que faz mais sentido para cada momento de prática e de estudo.
Detalhes
Na prática, vemos tarólogos e cartomantes dando importância a muitos detalhes que podemos acolher, mas que não precisamos tomar como leis ou dogmas. Vejamos alguns desses pontos, que cada um levará em conta, ou não, de acordo com seu temperamento e disposições. A sugestão é a de experimentarmos as alternativas e escolhermos as que correspondem melhor ao nosso feitio. Esses procedimentos constituem meros registros do que acontece na prática e não são dogmas ou ritos obrigatórios.

Toalha. Muitos guardam um pano próprio ou toalha especial sobre o qual abrem as cartas. Tecidos lisos e de cores escuras têm a vantagem de dar destaque às cartas, que são o centro do interesse. Se quizer utilizar uma toalha, que cada um faça a escolha como bem entender.

Embaralhar. Igualmente não existem regras absolutas. Muitos praticantes pedem que o cliente embaralhe as cartas para deixar sua vibração ou, em outros termos, para se que “fiquem donos” das cartas. Outros pedem simplesmente que o consulente pouse as mãos sobre as lâminas, para passar sua energia.

Existem ainda aqueles profissionais que embaralham as cartas cuidadosamente, eles próprios, e pedem apenas para o cliente cortar. A razão de tal procedimento em muitos casos nada tem de esotérico: é um simples recurso para que as cartas não se machuquem em mãos inábeis.

Corte. É muito comum que o conselheiro ou cartomante peça que o cliente “corte o maço”, ou seja, divida em dois ou três montes. Alguns recomendam que seja com a mão esquerda, outros com a direita. Sejam quais forem os procedimentos, pode ser interessante atribuir uma função para a carta de corte na leitura, por exemplo, para indicar o “cenário geral” da questão ou seu “pano de fundo” ou qualquer outra função tida como significativa pelo operador.

Sorteio das cartas. Alguns praticantes pedem apenas que o cliente “corte” o maço e, eles próprios deitam as cartas que serão lidas durante a consulta. Outros fazem questão de que as cartas da tiragem sejam escolhidas pelo próprio cliente.

Cartas invertidas. É relativamente freqüente atribuir um sentido negativo às cartas que saem de cabeça para baixo. Nesse caso, o embaralhamento deve ser feito rolando as cartas sobre a mesa, para garantir a alternância de posição. Uma mesma carta pode sair direita ou invertida dependendo de o praticante “abrir” a carta girando-a no eixo vertical ou horizontal. Por essa razão é indispensável que cada um defina seu próprio código pessoal, caso queira levar em conta o fato de a carta sair em pé ou de cabeça para baixo.

Muitos tarólogos preferem trabalhar com todas as cartas diretas, sem deixá-las invertidas. Desse modo, quando querem saber os aspectos difíceis ou negativos de uma questão, simplesmente tiram uma carta para descrever tal aspecto.

Momento de abrir (ou virar) as cartas sorteadas. O usual é sortear ou escolher as cartas pelo verso, com os desenhos ocultos. Alguns sorteiam de uma só vez todas as cartas que utilizarão; outros preferem ir retirando uma a uma, tornando o desenho visível e fazendo os comentários pertinentes; só ao final, fazem uma síntese do conjunto.

Voltada para leitor. A maior parte dos praticantes arrumam as cartas viradas para si e não para o cliente. Na verdade, é o leitor que deve receber as impressões diretas do arranjo sobre o qual fará sua apreciação. Nada impede, porém, quer numa situação de consulta profissional, quer numa prática terapêutica ou de estudo entre amigos, que as cartas sejam tocadas e examinadas de perto pelos envolvidos na consulta.
Tiragem por três
Nesse modelo de leitura, retiramos três lâminas do maço e as colocamos em linha ou na forma de um triângulo com o vértice para cima, como está indicado no esquema ao lado.
A leitura poderá se desenvolver como numa frase com:
1) sujeito, 2) verbo e 3) complemento.
Exemplos de variações que podem ser experimentadas para cada posição:
1. o positivo; 2. negativo; 3. a síntese.
1. a causa; 2. o desenvolvimento; 3. os efeitos ou as conseqüências.
1. uma alternativa; 2. a outra; 3. a avaliação final.
1. a meta, a intenção; 2. os meios para alcançá-la; 3. as conseqüências.
1. eu, 2. o outro, 3. as perspectivas.
o que o consulente poderá esperar se: 1. for em frente, 2. recuar. A terceira carta poderá indicar um conselho ou um terceiro caminho.
Lembre-se que, do ponto de vista da técnica, o mais importante para quem dirige a jogada é definir ele próprio qual ângulo, qual aspecto do assunto, que espera ser elucidado pela carta. Desse modo, com a questão mais claramente definida, ficará muito mais compreensível o recado de cada carta.
Tiragem em Cruz
Na Tiragem em Cruz contamos com um maior número de ângulos para examinar uma questão. Retiramos do maço cinco lâminas, que são colocadas de face para baixo, na seqüência de posições indicadas no quadro ao lado.
Há também quem costuma, para conhecer a quinta carta, adicionar os números das quatro já sorteadas. Neste caso:
(a) se o resultado for menor que 22, tiramos do maço a lâmina que tem esse número e a colocamos no centro da cruz;
(b) se o resultado for igual a 22, colocamos o Louco. (Ele, porém, quando se encontra entre as quatro primeiras cartas já sorteadas, é contado com valor zero na adição para se achar a quinta lâmina; é o "Arcano Sem Número");
Tiragem da Torre - Teca Mendonça
(c) se o resultado for maior que 22, somamos os dois algarismos e esse novo resultado, denominado redução, será o número da quinta lâmina (por exemplo, se o valor total das quatro cartas sorteadas for 37, somamos 3 + 7 = 10, isto é, a quinta carta será a Roda da Fortuna);
(d) se a quinta lâmina já tiver saído na tiragem, imaginamos que ela se encontra duplicada no centro.
Variações, entre muitas outras, que podemos atribuir para a função de cada carta:
1. a pessoa, 2. o momento, 3. os prognósticos, 4. os desafios a superar, 5. o conselho para lidar com a situação;
1. o fato, 2. o que ele causa, 3. onde e quando ocorre, 4. como ocorre, 5. porque ocorre;
1. o consulente, 2. o outro, 3. o que os aproxima, 4. o que os separa, 5. a tendência para o futuro ou a estratégia a seguir;
1. o aspecto interno da questão, 2. o aspecto externo, 3. o que é superior ou favorável, 4. o que é inferior ou desfavorável, 5. a síntese ou resposta.
Tiragem Péladan
Joséphin Péladan (1858-1918), escritor e ocultista francês, divulgou uma técnica de tiragem bastante utilizada. Trata-se de um esquema simples e útil, idêntico à tiragem em cruz.
A quinta carta é obtida pela soma do valor das quatro primeiras retiradas do maço. Se o resultado ultrapassar 22, será feita a redução numerológica (teosófica). Veja os detalhes dessa operação na "Tiragem em cruz", logo acima.
Tiragem em cruzSão atribuídas as seguintes funções às cartas:
1. O que é favorável, vantajoso. O aspecto afirmativo. Os prós.
2. O que é desfavorável, contrário. Obstáculos e dificuldades. O aspecto negativo. Os contras.
3. Ação, influência. Próximos acontecimentos. O caminho.
4. Resultado. Conseqüências. Solução.
5. Síntese. O sentido de conjunto das cartas.

Oswald Wirth, em seu Tarot des imagiers du Moyen Age, assim descreve o método indicado por Joséphin Péladan, que ele recebeu por intermédio de Stanilas de Guaita:
1. O primeiro arcano tirado é visto como afirmativo, que fala a favor de uma causa e indica de uma maneira geral o que está a favor.
2. Em oposição, o segundo arcano é negativo e representa o que está contra.
3. O terceiro arcano retirado representa o juiz que discute a causa e determina a sentença.
4. A sentença é enunciada no arcano retirado em último lugar
5. O quinto arcano esclarece o oráculo que ele sintetisa, pois depende dos quatro arcanos retirados. Cada um destes traz o número que marca sua posição na série do Tarot. (O Louco, não numerado, é contado como 22). Basta adicionar esses números inscritos para obter, seja diretamente, seja por redução teosófica, o número do quinto arcano (22 designa o Louco, 4 o Imperador, 12 o Pendurado, etc.)
Tiragem Kairallah
Apresentação de
Constantino K. Riemma
É o modelo que costumo utilizar em minhas consultas, na complementação da análise do mapa natal e dos trânsitos astrológicos.
Tiragem em cruz
Na primeira tiragem de uma seção, para dar uma visão de conjunto do momento vivido pelo consulente, as cartas podem ter as seguintes funções:
1. o consulente; como ele se encontra;
2. o seu momento de vida; suas condições atuais;
3. prognósticos, o rumo que sua vida tende a tomar ou o que esperar nos próximos meses;
4. qual a melhor conduta diante da situação definida pelas cartas anteriores. Conforme a tiragem, a carta pode ser definida como oconselho estratégico para lidar com o assunto em exame.
5. o cenário geral que envolve a questão e dá o tom às demais cartas. Usualmente, neste modelo, é a carta de corte e que pode ser a primeira desvirada após o sorteio, junto com o maço de cartas que restou.
O mesmo modelo pode ser aplicado às sucessivas questões que o cliente colocar. As funções atribuídas as cartas 1, 2 e 3 são então adaptadas a cada assunto. As duas outras cartas mantêm o padrão: 4 – indica o conselho, o caminho oportuno para ser seguido pelo consulente; 5 - (a carta de corte ou uma carta que for retirada especificamente com esse propósito), delineia o cenário geral, o pano de fundo, as forças que circunscrevem o assunto.
É o praticante, aquele que conduz a tiragem, quem deve definir previamente a função que a carta terá na jogada. Veja alguns exemplos de variações para as cartas de 1 a 3, conforme o assunto e o interesse do consulente:
1. o consulente; 2. o outro (parceiro ou sócio); 3. o desenrolar da relação.
1. os pontos fortes ou positivos do tema (trabalho, saúde, projetos, estudos, etc.); 2. seus pontos fracos ou negativos; 3. tendências ou caminho a percorrer.
1. pessoa; 2. a situação específica (relacionamento, trabalho, projeto, etc.); 3. o que esperar.
1. o que favorece o projeto (ou a intenção); 2. o que ainda precisa ser trabalhado, melhorado; 3. quais são as perspectivas.
É sempre importante refletir sobre a harmonização entre os prognósticos ou tendências (carta 3) e os conselhos (carta 4). Por vezes a perspectiva é otimista e o conselho é o de cuidados e reservas. Em outras situações, o prognóstico pode ser modesto e o conselho indicar a aplicação de energia e empenho. Como acontece com as demais correlações importa aqui, mais do que conhecer os significados das cartas, a experiência de vida e a maturidade do consultor, o quanto ele trabalhou a delicada questão de dar aconselhamento.
O templo de Afrodite
Uma tiragem bem interessante para fotografar a relação de um casal, nos seus planos racional, emocional e físico (ou melhor, “químico”). Sete cartas são escolhidas e colocadas em duas colunas, como mostrado abaixo, sendo a última carta – síntese ou prognóstico da relação – colocada na posição central.
Ele
Ela
Plano mental
Plano afetivo
Plano sexual
O resultado
As sete cartas da tiragem "Templo de Afrodite"
ou os pensamentos
ou as emoções
ou a atração física
ou o futuro
A leitura segue a seguinte lógica:
(1) e (4) – o que ele e ela pensam da relação, qual sua intenção racional
(2) e (5) – o sentimento de um pelo outro, como vai o coração
(3) e (6) – a atração física de um pelo outro, como vai o tesão
(7) – o resultado ou produto dessas interações: o prognóstico para esse casal
Também é significativo avaliar o conjunto das três cartas que representam a figura masculina (1, 2 e 3) e as outras três que falam do feminino (4, 5 e 6).
Lição da Torre - por Teca Mendonça
Trata-se uma tiragem para examinar e trabalhar situações de rupturas e quebras de expectativas.

As funções que a taróloga Teca Mendonça atribui às cartas, deixa claro o propósito desse modelo. São assinalados diferentes passos para entender compreender o fato em si, seus sentido espiritual e superior, o motivo da crise e, finalmente, o trabalho a ser feito.
Funções
1. a porta de acesso;
2. a luz da consciência;
3. a luz da razão; as cartas 2 e 3 constituem a Morada do Espírito;
4. o plano superior;
5. o que foi destruído, o que era excessivo;
6. o que precisa ser reconstruído na ação;
7. o que precisa ser rescontruído na personalidade.
Tiragem com três cartas
A Ferradura
Designada "horse" na língua inglesa, a tecnica da Ferradura ajuda a avaliar a sequência, o desenvolvimento de uma situação ou relacionamento. As cartas são dispostas numa curva que lembra uma ferradura de cavalo.
1. O Passado. Os eventos passados que afetam a questão ou situação do consulente.
2. O presente. Sentimentos, pensamentos ou acontecimentos reais que influem decididamente sobre o assunto em questão.
3. O futuro imediato. Eventos próximos que irão afetar essa situação e que até mesmo poderão surpreender o consulente.
4. Obstáculos. O que preocupa o consulente. Dificuldades a superar, que podem ser atitudes mentais ou dificuldades de ordem prática.
5. As atitudes dos outros. O ambiente, atitudes e pensamentos que as pessoas ao redor do consulente têm sobre a situação.
6. O caminho de superação. O que deve ser feito para o melhor encaminhamento da situação. Trata-se de uma sugestão prática par o consulente.
7. O resultado final. O resultado mais provável. O que se pode esperar se o consulente seguir o conselho dado pela sexta carta.
O jogo das escolhas e decisões
Apresentação e comentários deConstantino K. Riemma
Hajo Banzhaf em seu "Manual do Tarô" (Ed. Pensamento) apresenta um modelo de tiragem com 7 cartas, que foi traduzido ao português por "O Jogo Decisivo". Nele são retiradas as cartas que irão indicar os dois lados da questão:
7 = o problema;
1, 3 e 5 = influências positivas, "Isso é favorável"
2, 4, 6 = influências negativas, "Isso é desfavorável"
Mais importante que os esquemas prontos, como este registrado por Hajo Banzhaf, é o cuidado para definir as funções das cartas do modo mais coerente possível com a situação a ser examinada.
Jogo Decisivo
Esquema Kairallah
Além do esquema acima, existem muitos outros que nos ajudam a escolher entre as alternativas que a vida e os nossos desejos colocam.
Utilizo para isso as referências básicas da tiragemKairallah, em que são retiradas cartas para revelar quatro ângulos de cada alternativa ou caminho que se apresenta:
1. o que favorece o projeto, a intenção ou o caminho; 2. o que ainda precisa ser trabalhado, melhorado ou criado; 3. quais são as perspectivas, prognósticos ou tendências; 4. e qual é o conselho estratégico, a conduta ou a atitude oportuna.
Tira-se uma carta com a mesma função para os caminhos ou alternativas colocadas. Isso permite uma comparação entre as facilidades e dificuldades que seriam percorridas em cada caso, bem como as previsões e as medidas mais eficazes.
Como sempre acontece quando se trata de opção consciente, e não de determinação cega, a própria pessoa está convidada a exercer a livre escolha e a assumir as consequências do caminho que escolheu.

Fonte: http://www.clubedotaro.com.br