quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Métodos e Uso


Texto de 
Constantino K. Riemma
Utilizar as cartas do Tarô em consultas para si próprio ou com amigos significa, antes de mais nada, um exercício prático para desenvolver o pensamento simbólico, a arte de estabelecer analogias.
No entanto, para o iniciante, o ato de "consultar o Tarô" é a parte que envolve um bom número de dificuldades e de incompreensões que, de modo geral, obscurecem as mensagens simbólicas das lâminas. Os preconceitos e superstições, os rituais e formalismos gratuitos, as apreensões muitas vezes propaladas por aproveitadores, acabam por confundir aquilo que, na origem, era leve, lúdico e estimulante.

O Tarô, ao invés de gerar temor, pode se tornar, para cada um de nós, fonte de inspiração e de nova compreensão das leis que regem o universo e dos caminhos evolutivos. Ele é, por isso mesmo, um instrumento de ajuda e não de vaticínios alarmantes.

O conjunto das lâminas pode ser utilizado de modo aberto, não só para prognósticos ou previsões, mas também como recurso terapêutico e de apoio ao estudo de si-mesmo e desenvolvimento interior.
Imagem obtida em http://xepher.net/~darkmidnight/Pics/
Magias e fantasias
A atitude básica
O iniciante, para ficar mais à vontade e melhor usufruir os benefícios desse jogo secular, é bom livrar-se, em primeiro lugar, de idéias preconcebidas ou superstições: achar que precisa seguir ritos mágicos, formalismos cerimoniais, ou que lidar com o Tarô é assunto para vidente ou paranormal, ou então acreditar que “ler as cartas” significa apenas prever acontecimentos penosos ou sofridos para as outras pessoas.

Na verdade, seria melhor entender as lâminas do Tarô como cartas de um velho sábio, bom amigo, generoso e acolhedor, que nos oferece indicações, sugestões e estímulos renovados para compreendermos nossas vidas, refletirmos sobre as conseqüências de nossos atos e elaborarmos prognósticos e cenários de futuro que poderão nos ajudar a dirigir com maior eficácia nossos empreendimentos na vida exterior e interior.

O ideal é que as consultas sejam feitas com espírito aberto, com naturalidade, dentro dos modelos espirituais e religiosos da pessoa. Não precisamos adotar nenhum rito estranho ou nebuloso, nem nos convertermos a qualquer seita exótica. O Tarô foi um presente, sem sectarismo, de Escolas iniciáticas para ajudar e não para complicar nossas vidas.

Se o consulente considera importante um gesto de recolhimento antes de trabalhar com as cartas, ótimo. Essa disposição será mais eficaz se inspirada em seus próprios padrões religiosos ou modelos espirituais. Não são as formalidades exteriores que nos preparam, mas sim as disposições interiores.

Escolha das técnicas de tiragem
Existem dezenas e dezenas de modelos para consulta às cartas do Tarô. Não há, porém, uma técnica ou método de tiragem ideal. Varia com o objetivo da leitura e com as preferências individuais. Muitas vezes, modelos simples com três ou quatro cartas podem oferecer maior clareza e objetividade que alguma técnica sofisticada com muitas cartas.

A sugestão, para o iniciante, é começar com os modelos mais simples e, com a prática, repassar as técnicas mais complexas, que por vezes se apóiam em outras linguagens simbólicas como é o caso, por exemplo, da tiragem astrológica.

Três regras de ouro
Madame Turpaud, autora de Le Tarot de Marseille, oferece muitas sugestões úteis para o iniciante. Ela insiste para não permitirmos que formas rígidas nos limitem. As tiragens devem ser flexíveis e, de preferência, montadas de acordo com as questões e diferentes aspectos que estivermos examinando. Desse modo, três regras gerais podem nos propiciar uma leitura consistente do Tarô:

1ª - estabelecer, antes de retirar cada lâmina do maço, qual o sentido ou função que ela irá ter no jogo;

2ª - fazer uma "leitura literal" da lâmina, ou seja, verbalizar simplesmente o que a carta está mostrando;

3ª - buscar, à medida que for desvirando as cartas, estar receptivo às impressões, idéias, intuições e pensamentos fugidios que possam surgir, em ressonância à função previamente atribuída à carta.

Vamos traduzir esses conselhos na prática.
1 - a função da carta: sem complicações
O ideal é que o modelo de consulta siga a “regra numero 1” da Madame Turpaud: atribuir previamente, a cada carta, qual o papel ou função que assumirá na jogada. Se quisermos, por exemplo, compreender uma relação pessoal, profissional ou afetiva, podemos pedir que se tire uma carta para representar uma pessoa e, do mesmo modo, uma segunda carta para representar a outra pessoa. Se o objetivo é conhecer os pontos fortes e os pontos fracos da relação, pediremos uma carta para explicar os pontos favoráveis, propícios, e outra carta para dar conta dos pontos difíceis, que precisam ser trabalhados. Nesse caso, as cartas serão retiradas do maço para dar indicações sobre questões bem definidas.

Muitas vezes a maior curiosidade é pela previsão: saber no que vai dar a relação. Nesse caso, se já tivermos feito sorteio de outras cartas, como no exemplo que acabamos de propor, o consulente pode retirar mais uma carta do maço para saber os prognósticos da relação. Mais ainda, quando a atitude não é de fatalismo, mas sim de trabalhar a situação, uma nova carta será a mais importante: o conselho para lidar ou aprimorar a questão.

Se a pergunta estiver clara e se tirarmos uma carta para estudar cada ângulo que julgarmos importante, meio caminho de uma boa consulta já terá sido percorrido.
2 - leitura literal: partir do que se sabe.
Uma dos defeitos que “matam” a leitura de uma tiragem do Tarô é atribuir às cartas os lugares-comuns do receituário popular, da cartomancia simplória que reduz tudo a “bom” ou “ruim”. É o que também acontece, muitas vezes, com os símbolos astrológicos, em que os signos e planetas são reduzidos a bons ou ruins, maléficos ou benéficos.

É importante lembrar que as cartas não ditam o destino, mas esclarecem os pontos a serem trabalhados e assimilados. Portanto, quanto mais rentes estivermos dos desenhos simbólicos das cartas, menores serão os riscos de enganos e desvios da imaginação. A recomendação é a de partirmos da compreensão que temos das cartas, sem invenções. Lembre-se: os adivinhos ou sensitivos, não precisam das cartas, pois recebem informações por outros caminhos. Ou seja, além de um recurso divinatório, o Tarô pode se tornar, para a maioria de nós, um instrumento para estudarmos e compreendermos as leis que regem os acontecimentos e a nossa vida pessoal.
3 - receptividade: praticar e conferir.
O exercício de pensar simbolicamente não é cultivado no sistema escolar moderno. Pelo contrário, é desestimulado. Desse modo, não precisamos nos sentir desmoralizados ou impacientes diante de nossa dificuldade inicial para “ler” as cartas do Tarô. O caminho é exercitar e praticar leituras, para si mesmo ou para amigos interessados.

A vantagem de praticar entre os amigos é que não precisamos dar banca de adivinhos. Aliás, por mais atraente que seja a arte oracular, o Tarô vai além. Entre amigos podemos pensar juntos o significado das combinações das cartas, trabalho que pode ser resolvido pela inteligência e pela prática. Podemos consultar o que dizem os manuais, discutir, pensar, interpretar. É importante também registrar as impressões de conjunto, intuições, vislumbres, lampejos. E depois esperar que os fatos comprovem ou corrijam o que entendemos. Esse caminho prático é seguro e confiável. Podemos aprender com os fatos, sem pretensas adivinhações.
Os significados das cartas
Se a primeira "regra de ouro" mencionada acima for bem aplicada, ajudará a resolver uma dificuldade básica. Entre os que começam a utilizar o tarô em tiragens a pergunta mais comum é a de como traduzir cada carta. Sentem dúvidas se devem falar dos aspectos positivos ou negativos. Não sabem como escolher entre os significados contraditórios que aparecem nos diferentes livros e autores.

Essa questão é de fato essencial. Não encontraremos uma resposta fácil para ela porque, na realidade, os símbolos são mais amplos, mais profundos e mais repletos de significados do que as limitadas perguntas que fazemos habitualmente. Mesmo que o tarólogo tenha muita experiência, estará sempre diante da dificuldade de reduzir o mundo rico e variado dos arcanos ao acanhamento das nossas formulações.

O que pode ajudar a leitura é definir claramente o que esperamos que a carta indique. Por exemplo, se queremos compreender bem uma situação, tiramos uma carta para esclarecer seus pontos fortes e outra carta para mostrar seus pontos fracos. Nesse caso, levaremos em conta os significados positivos da carta tirada para explicar os pontos fortes. Para traduzir os pontos fracos da situação levaremos em conta os pontos negativos que em geral são atribuídos à carta que foi tirada para explicar esse lado da questão.

É importante, quando estudamos os símbolos do Tarô, procurar conhecer pelo menos três aspectos em cada carta: seu lado luminoso ou positivo; o lado de sombra ou negativo; e o conselho que oferece. Quanto mais amplo for o nosso entendimento, mais fácil será aplicar a carta à função que definimos a ela durante a tiragem.

Arcanos Maiores e/ou Menores?
Tarot ou baralho comum?
Outra questão em aberto, nas consultas, é a de utilizar o baralho inteiro ou apenas parte dele. Há aqueles que utilizam o conjunto das 78 cartas (22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores, ao mesmo tempo). Os usuários do chamado “Tarô Egípcio” não encontram qualquer motivo para tal separação, pois as 78 cartas foram redesenhadas todas no mesmo padrão dos arcanos maiores, sem clara distinção entre os naipes.

Já entre os que utilizam o modelo clássico, muitos praticantes separam dois maços: um com os arcanos maiores e, o outro, com os menores. E, de acordo com a função que a carta ocupará na tiragem, pedem que o cliente retire cartas ou do monte dos arcanos maiores ou do monte dos arcanos menores.

Dicta e Françoise, por exemplo, sugerem que se comece a consulta com os Arcanos Menores; caso apareça um Ás, significa que a questão é importante e merece ser examinada com a ajuda dos Arcanos Maiores. Para deixar a questão em aberto, podemos lembrar um ponto de vista oposto, o de G. O. Mebes, ao afirmar que os Arcanos Menores falam de um plano mais sutil que o retratado pelos Arcanos Maiores...

Há também aqueles que, com propósito pedagógico ou terapêutico, utilizam apenas as cartas com desenhos mais personificados. Ou seja, deixam de lado as 40 cartas numeradas dos quatro naipes, e utilizam somente 42 cartas (22 arcanos maiores, 16 figuras e os 4 ases).

Do ponto de vista do iniciante, talvez fosse melhor começar pelos arcanos maiores, mais diferenciados e, por isso, mais diretos para evocarem analogias e significações simbólicas. Ficará para uma segunda etapa a inclusão das cartas numeradas (arcanos menores), mais abstratas e que exigem maior estudo.

A bem da verdade, essa última afirmação vale mais para a nossa atual população urbana, classe média, com formação escolar padrão. Nas pequenas comunidades do Interior brasileiro a história é outra: as mulheres do povo que desempenham o papel de curadoras, benzedeiras e cartomantes, encontram disponível apenas o baralho comum, de carteado, com suas 52 duas cartas (as 40 numeradas em quatro naipes, mais 12 figuras, sem o cavaleiro). E é com esse baralho, sem aparentes evocações esotéricas, que fazem suas leituras e ajudam as pessoas de suas comunidades...

Nada impede, afinal, que se pratique "ler as cartas" apenas com o baralho comum. Aliás, ele é quase completo, quando comparado aos "arcanos menores" do Tarot original: faltam apenas os Cavaleiros. Além disso, o baralho comum tem quase 50% de cartas a mais do que os jogos remontados e reduzidos por Etteila e Lenormand, a partir do início do século 19, também conhecidos como "baralho cigano".

Nunca é demais repetir: não existem regras absolutas para o Tarô. Tal como acontece com os jogos de cartas para o lazer – buraco, tranca, truco, mico, rouba-montinho e por aí afora... – são os participantes que combinam entre si as regras e suas variações, se utilizam todas as cartas do maço ou apenas parte, se jogam com um maço de baralhos ou com dois. O importante é experimentar e verificar, por conta própria, o que faz mais sentido para cada momento de prática e de estudo.
Detalhes
Na prática, vemos tarólogos e cartomantes dando importância a muitos detalhes que podemos acolher, mas que não precisamos tomar como leis ou dogmas. Vejamos alguns desses pontos, que cada um levará em conta, ou não, de acordo com seu temperamento e disposições. A sugestão é a de experimentarmos as alternativas e escolhermos as que correspondem melhor ao nosso feitio. Esses procedimentos constituem meros registros do que acontece na prática e não são dogmas ou ritos obrigatórios.

Toalha. Muitos guardam um pano próprio ou toalha especial sobre o qual abrem as cartas. Tecidos lisos e de cores escuras têm a vantagem de dar destaque às cartas, que são o centro do interesse. Se quizer utilizar uma toalha, que cada um faça a escolha como bem entender.

Embaralhar. Igualmente não existem regras absolutas. Muitos praticantes pedem que o cliente embaralhe as cartas para deixar sua vibração ou, em outros termos, para se que “fiquem donos” das cartas. Outros pedem simplesmente que o consulente pouse as mãos sobre as lâminas, para passar sua energia.

Existem ainda aqueles profissionais que embaralham as cartas cuidadosamente, eles próprios, e pedem apenas para o cliente cortar. A razão de tal procedimento em muitos casos nada tem de esotérico: é um simples recurso para que as cartas não se machuquem em mãos inábeis.

Corte. É muito comum que o conselheiro ou cartomante peça que o cliente “corte o maço”, ou seja, divida em dois ou três montes. Alguns recomendam que seja com a mão esquerda, outros com a direita. Sejam quais forem os procedimentos, pode ser interessante atribuir uma função para a carta de corte na leitura, por exemplo, para indicar o “cenário geral” da questão ou seu “pano de fundo” ou qualquer outra função tida como significativa pelo operador.

Sorteio das cartas. Alguns praticantes pedem apenas que o cliente “corte” o maço e, eles próprios deitam as cartas que serão lidas durante a consulta. Outros fazem questão de que as cartas da tiragem sejam escolhidas pelo próprio cliente.

Cartas invertidas. É relativamente freqüente atribuir um sentido negativo às cartas que saem de cabeça para baixo. Nesse caso, o embaralhamento deve ser feito rolando as cartas sobre a mesa, para garantir a alternância de posição. Uma mesma carta pode sair direita ou invertida dependendo de o praticante “abrir” a carta girando-a no eixo vertical ou horizontal. Por essa razão é indispensável que cada um defina seu próprio código pessoal, caso queira levar em conta o fato de a carta sair em pé ou de cabeça para baixo.

Muitos tarólogos preferem trabalhar com todas as cartas diretas, sem deixá-las invertidas. Desse modo, quando querem saber os aspectos difíceis ou negativos de uma questão, simplesmente tiram uma carta para descrever tal aspecto.

Momento de abrir (ou virar) as cartas sorteadas. O usual é sortear ou escolher as cartas pelo verso, com os desenhos ocultos. Alguns sorteiam de uma só vez todas as cartas que utilizarão; outros preferem ir retirando uma a uma, tornando o desenho visível e fazendo os comentários pertinentes; só ao final, fazem uma síntese do conjunto.

Voltada para leitor. A maior parte dos praticantes arrumam as cartas viradas para si e não para o cliente. Na verdade, é o leitor que deve receber as impressões diretas do arranjo sobre o qual fará sua apreciação. Nada impede, porém, quer numa situação de consulta profissional, quer numa prática terapêutica ou de estudo entre amigos, que as cartas sejam tocadas e examinadas de perto pelos envolvidos na consulta.
Tiragem por três
Nesse modelo de leitura, retiramos três lâminas do maço e as colocamos em linha ou na forma de um triângulo com o vértice para cima, como está indicado no esquema ao lado.
A leitura poderá se desenvolver como numa frase com:
1) sujeito, 2) verbo e 3) complemento.
Exemplos de variações que podem ser experimentadas para cada posição:
1. o positivo; 2. negativo; 3. a síntese.
1. a causa; 2. o desenvolvimento; 3. os efeitos ou as conseqüências.
1. uma alternativa; 2. a outra; 3. a avaliação final.
1. a meta, a intenção; 2. os meios para alcançá-la; 3. as conseqüências.
1. eu, 2. o outro, 3. as perspectivas.
o que o consulente poderá esperar se: 1. for em frente, 2. recuar. A terceira carta poderá indicar um conselho ou um terceiro caminho.
Lembre-se que, do ponto de vista da técnica, o mais importante para quem dirige a jogada é definir ele próprio qual ângulo, qual aspecto do assunto, que espera ser elucidado pela carta. Desse modo, com a questão mais claramente definida, ficará muito mais compreensível o recado de cada carta.
Tiragem em Cruz
Na Tiragem em Cruz contamos com um maior número de ângulos para examinar uma questão. Retiramos do maço cinco lâminas, que são colocadas de face para baixo, na seqüência de posições indicadas no quadro ao lado.
Há também quem costuma, para conhecer a quinta carta, adicionar os números das quatro já sorteadas. Neste caso:
(a) se o resultado for menor que 22, tiramos do maço a lâmina que tem esse número e a colocamos no centro da cruz;
(b) se o resultado for igual a 22, colocamos o Louco. (Ele, porém, quando se encontra entre as quatro primeiras cartas já sorteadas, é contado com valor zero na adição para se achar a quinta lâmina; é o "Arcano Sem Número");
Tiragem da Torre - Teca Mendonça
(c) se o resultado for maior que 22, somamos os dois algarismos e esse novo resultado, denominado redução, será o número da quinta lâmina (por exemplo, se o valor total das quatro cartas sorteadas for 37, somamos 3 + 7 = 10, isto é, a quinta carta será a Roda da Fortuna);
(d) se a quinta lâmina já tiver saído na tiragem, imaginamos que ela se encontra duplicada no centro.
Variações, entre muitas outras, que podemos atribuir para a função de cada carta:
1. a pessoa, 2. o momento, 3. os prognósticos, 4. os desafios a superar, 5. o conselho para lidar com a situação;
1. o fato, 2. o que ele causa, 3. onde e quando ocorre, 4. como ocorre, 5. porque ocorre;
1. o consulente, 2. o outro, 3. o que os aproxima, 4. o que os separa, 5. a tendência para o futuro ou a estratégia a seguir;
1. o aspecto interno da questão, 2. o aspecto externo, 3. o que é superior ou favorável, 4. o que é inferior ou desfavorável, 5. a síntese ou resposta.
Tiragem Péladan
Joséphin Péladan (1858-1918), escritor e ocultista francês, divulgou uma técnica de tiragem bastante utilizada. Trata-se de um esquema simples e útil, idêntico à tiragem em cruz.
A quinta carta é obtida pela soma do valor das quatro primeiras retiradas do maço. Se o resultado ultrapassar 22, será feita a redução numerológica (teosófica). Veja os detalhes dessa operação na "Tiragem em cruz", logo acima.
Tiragem em cruzSão atribuídas as seguintes funções às cartas:
1. O que é favorável, vantajoso. O aspecto afirmativo. Os prós.
2. O que é desfavorável, contrário. Obstáculos e dificuldades. O aspecto negativo. Os contras.
3. Ação, influência. Próximos acontecimentos. O caminho.
4. Resultado. Conseqüências. Solução.
5. Síntese. O sentido de conjunto das cartas.

Oswald Wirth, em seu Tarot des imagiers du Moyen Age, assim descreve o método indicado por Joséphin Péladan, que ele recebeu por intermédio de Stanilas de Guaita:
1. O primeiro arcano tirado é visto como afirmativo, que fala a favor de uma causa e indica de uma maneira geral o que está a favor.
2. Em oposição, o segundo arcano é negativo e representa o que está contra.
3. O terceiro arcano retirado representa o juiz que discute a causa e determina a sentença.
4. A sentença é enunciada no arcano retirado em último lugar
5. O quinto arcano esclarece o oráculo que ele sintetisa, pois depende dos quatro arcanos retirados. Cada um destes traz o número que marca sua posição na série do Tarot. (O Louco, não numerado, é contado como 22). Basta adicionar esses números inscritos para obter, seja diretamente, seja por redução teosófica, o número do quinto arcano (22 designa o Louco, 4 o Imperador, 12 o Pendurado, etc.)
Tiragem Kairallah
Apresentação de
Constantino K. Riemma
É o modelo que costumo utilizar em minhas consultas, na complementação da análise do mapa natal e dos trânsitos astrológicos.
Tiragem em cruz
Na primeira tiragem de uma seção, para dar uma visão de conjunto do momento vivido pelo consulente, as cartas podem ter as seguintes funções:
1. o consulente; como ele se encontra;
2. o seu momento de vida; suas condições atuais;
3. prognósticos, o rumo que sua vida tende a tomar ou o que esperar nos próximos meses;
4. qual a melhor conduta diante da situação definida pelas cartas anteriores. Conforme a tiragem, a carta pode ser definida como oconselho estratégico para lidar com o assunto em exame.
5. o cenário geral que envolve a questão e dá o tom às demais cartas. Usualmente, neste modelo, é a carta de corte e que pode ser a primeira desvirada após o sorteio, junto com o maço de cartas que restou.
O mesmo modelo pode ser aplicado às sucessivas questões que o cliente colocar. As funções atribuídas as cartas 1, 2 e 3 são então adaptadas a cada assunto. As duas outras cartas mantêm o padrão: 4 – indica o conselho, o caminho oportuno para ser seguido pelo consulente; 5 - (a carta de corte ou uma carta que for retirada especificamente com esse propósito), delineia o cenário geral, o pano de fundo, as forças que circunscrevem o assunto.
É o praticante, aquele que conduz a tiragem, quem deve definir previamente a função que a carta terá na jogada. Veja alguns exemplos de variações para as cartas de 1 a 3, conforme o assunto e o interesse do consulente:
1. o consulente; 2. o outro (parceiro ou sócio); 3. o desenrolar da relação.
1. os pontos fortes ou positivos do tema (trabalho, saúde, projetos, estudos, etc.); 2. seus pontos fracos ou negativos; 3. tendências ou caminho a percorrer.
1. pessoa; 2. a situação específica (relacionamento, trabalho, projeto, etc.); 3. o que esperar.
1. o que favorece o projeto (ou a intenção); 2. o que ainda precisa ser trabalhado, melhorado; 3. quais são as perspectivas.
É sempre importante refletir sobre a harmonização entre os prognósticos ou tendências (carta 3) e os conselhos (carta 4). Por vezes a perspectiva é otimista e o conselho é o de cuidados e reservas. Em outras situações, o prognóstico pode ser modesto e o conselho indicar a aplicação de energia e empenho. Como acontece com as demais correlações importa aqui, mais do que conhecer os significados das cartas, a experiência de vida e a maturidade do consultor, o quanto ele trabalhou a delicada questão de dar aconselhamento.
O templo de Afrodite
Uma tiragem bem interessante para fotografar a relação de um casal, nos seus planos racional, emocional e físico (ou melhor, “químico”). Sete cartas são escolhidas e colocadas em duas colunas, como mostrado abaixo, sendo a última carta – síntese ou prognóstico da relação – colocada na posição central.
Ele
Ela
Plano mental
Plano afetivo
Plano sexual
O resultado
As sete cartas da tiragem "Templo de Afrodite"
ou os pensamentos
ou as emoções
ou a atração física
ou o futuro
A leitura segue a seguinte lógica:
(1) e (4) – o que ele e ela pensam da relação, qual sua intenção racional
(2) e (5) – o sentimento de um pelo outro, como vai o coração
(3) e (6) – a atração física de um pelo outro, como vai o tesão
(7) – o resultado ou produto dessas interações: o prognóstico para esse casal
Também é significativo avaliar o conjunto das três cartas que representam a figura masculina (1, 2 e 3) e as outras três que falam do feminino (4, 5 e 6).
Lição da Torre - por Teca Mendonça
Trata-se uma tiragem para examinar e trabalhar situações de rupturas e quebras de expectativas.

As funções que a taróloga Teca Mendonça atribui às cartas, deixa claro o propósito desse modelo. São assinalados diferentes passos para entender compreender o fato em si, seus sentido espiritual e superior, o motivo da crise e, finalmente, o trabalho a ser feito.
Funções
1. a porta de acesso;
2. a luz da consciência;
3. a luz da razão; as cartas 2 e 3 constituem a Morada do Espírito;
4. o plano superior;
5. o que foi destruído, o que era excessivo;
6. o que precisa ser reconstruído na ação;
7. o que precisa ser rescontruído na personalidade.
Tiragem com três cartas
A Ferradura
Designada "horse" na língua inglesa, a tecnica da Ferradura ajuda a avaliar a sequência, o desenvolvimento de uma situação ou relacionamento. As cartas são dispostas numa curva que lembra uma ferradura de cavalo.
1. O Passado. Os eventos passados que afetam a questão ou situação do consulente.
2. O presente. Sentimentos, pensamentos ou acontecimentos reais que influem decididamente sobre o assunto em questão.
3. O futuro imediato. Eventos próximos que irão afetar essa situação e que até mesmo poderão surpreender o consulente.
4. Obstáculos. O que preocupa o consulente. Dificuldades a superar, que podem ser atitudes mentais ou dificuldades de ordem prática.
5. As atitudes dos outros. O ambiente, atitudes e pensamentos que as pessoas ao redor do consulente têm sobre a situação.
6. O caminho de superação. O que deve ser feito para o melhor encaminhamento da situação. Trata-se de uma sugestão prática par o consulente.
7. O resultado final. O resultado mais provável. O que se pode esperar se o consulente seguir o conselho dado pela sexta carta.
O jogo das escolhas e decisões
Apresentação e comentários deConstantino K. Riemma
Hajo Banzhaf em seu "Manual do Tarô" (Ed. Pensamento) apresenta um modelo de tiragem com 7 cartas, que foi traduzido ao português por "O Jogo Decisivo". Nele são retiradas as cartas que irão indicar os dois lados da questão:
7 = o problema;
1, 3 e 5 = influências positivas, "Isso é favorável"
2, 4, 6 = influências negativas, "Isso é desfavorável"
Mais importante que os esquemas prontos, como este registrado por Hajo Banzhaf, é o cuidado para definir as funções das cartas do modo mais coerente possível com a situação a ser examinada.
Jogo Decisivo
Esquema Kairallah
Além do esquema acima, existem muitos outros que nos ajudam a escolher entre as alternativas que a vida e os nossos desejos colocam.
Utilizo para isso as referências básicas da tiragemKairallah, em que são retiradas cartas para revelar quatro ângulos de cada alternativa ou caminho que se apresenta:
1. o que favorece o projeto, a intenção ou o caminho; 2. o que ainda precisa ser trabalhado, melhorado ou criado; 3. quais são as perspectivas, prognósticos ou tendências; 4. e qual é o conselho estratégico, a conduta ou a atitude oportuna.
Tira-se uma carta com a mesma função para os caminhos ou alternativas colocadas. Isso permite uma comparação entre as facilidades e dificuldades que seriam percorridas em cada caso, bem como as previsões e as medidas mais eficazes.
Como sempre acontece quando se trata de opção consciente, e não de determinação cega, a própria pessoa está convidada a exercer a livre escolha e a assumir as consequências do caminho que escolheu.

Fonte: http://www.clubedotaro.com.br

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