quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O Tarot De Waite

O Tarot Waite

goldenrider3-copy.gifO baralho de Arthur Edward Waite (1857-1942) impresso com o nome de “The Rider Tarot Deck“, tornou-se o mais difundido dentre os produzidos sob inspiração das chamadas escolas ocultistas que apareceram na Europa a partir de meados dos século XIX. O desenho leve, luminoso, executado pela artista plástica Pamela Colman Smith (1878-1951) teve um peso inquestionável na ótima acolhida internacional dada a esse baralho inglês. Devido ao êxito que obteve, encontra-se entre os baralhos mais copiados e imitados modernamente. Sob o ponto de vista iconográfico mais rigoroso alguns reparos são feitos ao baralho de Waite. Uma dentre as distorções significativas difundidas por ele pode ser observada na figuração do Louco, que passou do clássico peregrino para a condição de um desavisado à beira do precipício. Mesmo que se considere outras versões antigas em que o Louco é representado como um personagem inconseqüente, por exemplo no Tarô de Mitelli, sua disposição infantil e lúdica está bem longe, segundo alguns comentaristas, “do iminente desastre suicida retratado no Tarô Waite”. Podemos notar também que ao grafar o algarismo zero na carta do Louco, instaura-se uma incoerência no conjunto, já que as demais lâminas mantêm os algarismos romanos, sistema que não utiliza o zero.
waite-copy.gifA liberdade artística pode dar maior dramaticidade ao personagem e, ao mesmo tempo, reduzir sua amplitude simbólica. O exame dos arcanos menores exemplifica uma crise no conhecimento simbólico moderno, que se torna mais evidente a partir do final do século 18, período em que ocorre a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Não só entre os autores ingleses, mas de modo geral entre os europeus, a partir de Court de Gebelin, Etteilla e Lenormand, é comum encontrarmos textos enaltecendo as origens esotéricas, herméticas, maçônicas, ocultistas e mágicas das cartas. No entanto, quando examinamos os tarôs produzidos por tais autores constatamos que poucos dentre eles apresentam pontes verdadeiras com antigo conhecimento esotérico. Na maior parte dos casos, ou por mera concessão comercial ou por falta de base mais consistente do conhecimento simbólico, apenas re-copiam ou re-inventam os significados simples e reduzidos que se encontram no uso popular das cartas. O Dez de Espadas do baralho Rider-Waite ajuda a exemplificar essa freqüente contradição entre o que é propalado como fundamento e o resultado concreto. Para finalizar esta apresentação de um baralho moderno que tem como título o nome do editor e do orientador, uma questão insiste em aparecer: Waite, sozinho, por mais estudioso e homem de bom-gosto que fosse, teria feito sozinho um conjunto de imagens tão bem recebido? Na verdade, constatamos que na maior parte das resenhas e estudos sobre os mais famosos baralhos modernos as pintoras, como é o caso de Pamela Colman Smith, são mencionadas como coadjuvantes secundárias das obras que elas próprias criaram. A mesma coisa acontece com Frieda Harris que desenhou o Tarô do Crowley: o enorme agito e as discussões em torno de seu titular obscurece a autoria ou, pelo menos, a participação decisiva da artista. É evidente que sem o trabalho delas a intenção daqueles que deram nome aos baralhos teria permanecido no limbo. Foram essas artistas que, simplesmente, deram vida às cartas. No caso de Pamela Colman Smith, tratava-se de uma conhecida ilustradora de livros infantis que também participou de outras atividades culturais, como foi o caso da Green Sheaf, uma revista experimental de arte e poesia. A despeito de todas as críticas, aliás justificáveis, que se pode fazer quanto à consistência iconográfica da maior parte dos baralhos modernos, a ilustração reproduzida logo acima, que Pamela Colman Smith apresentou na Green Sheaf (1903-1904), confirma o quanto se deve à qualidade artística do seu trabalho o prestígio obtido pelo Tarô Rider-Waite
Tarólogo e Espiritualista Lucas Lopes 

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